23 novembro 2010

Encruzilhada (Os garotos da garagem)

Visitamos várias vezes aquela garagem na rua da Aurora. Sonolentos no começo, fomos despertados pelo encanto do diferente: nos fascinamos, tudo era novo. Com o passar do tempo, nos acostumamos, nos sentimos mais à vontade. De certa forma, fomos integrados ao ambiente. Uma situação inusitada, então, nos levou a uma encruzilhada: nos dias 17, 18 e 19 de Outubro, o Diario de Pernambuco publicou uma série de reportagens intitulada Remando contra a corrente. O objetivo do material foi comparar a situação do remo pernambucano hoje em relação a de 30 anos atrás, os últimos anos áureos da modalidade.

Na época da publicação da série, estávamos visitando a garagem. Lucas estava ansioso, pedindo pra que alguém comprasse o Diario e, então, pudessem ter acesso às matérias. Ficamos numa posição diferenciada, entre a equipe e a imprensa: pudemos sentir que o pessoal não gostou nada do que leu. A queixa se dá pelo sentimento de que a reportagem não reconhecia o trabalho que está sendo realizado no Náutico: em comparação com 30 anos atrás, a situação está, de fato, pior. No entanto, para os alvi-rubros, o Náutico está conseguindo se desenvolver, vivendo agora um momento de crescimento – e não de decadência. “Isso foi armado. O cara veio aqui preparado pra botar pra quebrar na gente”, disse Claudio Belo, após perguntar se tínhamos tomado conhecimento das reportagens. Marcelo Lins, instrutor da escolinha, veio até nós e comentou: “isso é uma sacanagem. O cara vem aqui, a gente recebe na maior boa vontade, conversa mais de uma hora e ele faz isso”. A insatisfação despertou a rivalidade: “deve ter o dedo de alguém do Sport! Olha as fotos, todos os destaques são de lá. Querem nos prejudicar”, gritou alguém mais nervoso.

Naquela hora, sentimos uma espécie de constrangimento, por se tratar do trabalho de um colega de profissão. Ficamos receosos, também, de que essa mágoa da equipe com a mídia resvalasse em nosso trabalho e atrapalhasse a relação deles conosco. Felizmente, nossos receios não se efetivaram.

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