Vivíamos um momento inédito em nossa relação. Os desentendimentos pulverizaram a rotina. A doçura de outrora amargara. Não me peça, leitor, desentendidos motivos, seria demais – são todos e nenhum. O amor existe, mas não basta.
Talvez concorde comigo nossa cama, que encostada cabeceira na parede tanto testemunhou. Foi por cima do lençol de horas todas onde o olhar completou palavras que esmaeceram o futuro e fizeram de nós passado, no imperfeito conjugado. Éramos, seríamos.
Difícil decisão, sem firmeza interna, externamente evidenciada. Os pijamas encorpados impunham intimidade esgotada. Ela subiu e tomou meu corpo. Implorou, provocou, arranhou. Desabou, beijando os pés – meu e da cama. Não adiantou.
Eu pensava além das cobertas. Poderia estar agindo como um filho ingrato, que leite sugou dos seios maternos, mas se desconfia adotado - e então condena, impugna sem amparo ou piedade. E se estivesse enganado? Não suportava a dúvida. A via fraca.
Parecia perecer desesperada. Quiçá enraivecida, desdenhou até dos mais unânimes momentos tidos. A antiga intensa devoção figurou ódio, contradito na seguida. Pondo fim ao estrago derradeiro, a vã tentativa, torta, no tapete atrás da porta, de impedir minha saída.
Versão: 04/03/2007
8 comentários:
Primo... tenho que ler mais uma vez até de dar minha opinião...
Vou procurar xeretar mais teu blog...
Pelo que eu tô vendo tá bem legal!
Te adoro, sabia??
Bjoksss!
By: Karla_Lady Matos*
Quando você terminar esse conto eu faço meu comentário. ok?
beijos.
Achheique voc~e não era a favor de divórcios...
Isa aí em cima
Isa, escrever sobre um não me faz ser a favor do divórcio. Não sou irredutivelmente contra, sou àpriori.
Depois de terminar esse conto você pode lançar o ensaio "Entendendo o conto Angústia, de Manoel Paulo Ferreira, por Manoel Paulo Ferreira."
Vai vender feito água no deserto!
muito bom!
e isso tbm vale pra ideia d marco
Postar um comentário