Os vizinhos dormiam profundamente. Estava só em casa, na cama. O barulho, porém, tamanho, impedia o repouso. Idéias borbulhavam. A intranqüilidade era fruto do desespero. Incertezas perturbam. Há certezas que destroem. Ruminando pensamentos, avança a noite.
Pedia silêncio. Enganava-se: silêncio havia. Ausente era o vazio. O silêncio consistente se impõe, não cala. Fala. Grita. Canta. Faz-se presente. Não permite descanso. Não nos coxeia cochilos. Dói. Queria trégua. Só em gana: trégua não havia. Se houvesse, barulho não teria.
Estava sentado, não deitara ainda. A luz, acendida a pouco, irritava os olhos frescos de parco atento. Contava-se encolhido, pernas sob o lençol – inusitado, como a íris escondida sob as pálpebras, impedindo a entrada de ciscos num piscar: os cílios cerram, desajeitados; e aí permanecem naturalmente, até o fim do perigo.
Fim do perigo?
5 comentários:
Fim do perigo??
Que graça teria se chegasse ao fim?
concordo com o anônimo acima.=)
e sim, contos são legais. =)
se não me engano, escrevestes uma bela imagem.
fim do perigo existe, soub-existe, sobre-existe...
o fato é o perigo..
cuidado, socorro,
cuidado, socorro,
cuidado, SOCORRO!
socorro? quem socorre? a quem socorre? porque? e como se faz pra se auto socorrer?
não se engane, não se esconda atras da cortina de fumaça...
O estilo de frases secas e curtas é típico do romance norte-americano mais moderno...
Já leste Hemingway?
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