02 dezembro 2007

Instante 2

Não podia ceder ao imobilismo. Ínfima coragem surge, somente suficiente para despencar o lençol pelo abismo da cama. O solo mostrava-se inacreditavelmente longe do colchão. Receio de baque moral é a ruína do efeito. Ruídos. Explosão de sinapses.

Seus olhos encontraram os mesmos na imagem reproduzida pelo espelho do guarda-roupa. Via as extremidades laterais simetricamente rubras contornadas pelas pálpebras - refletiam o quarto e a alma turva do sujeito. Um bruto e pontiagudo diamante perfurava sem dó o ducto epitelial, ao pé do talude. O forte impacto conduzia a substância pela serrania enquanto a quentura mudava seu estado físico. O ponto de fusão coincidia com o cume da montanha. Liquefeito, o diamante escorre pela mais íngreme vertente, indo de encontro à depressão. Ao pingar pela cratera, pôde o magma sentir seu sal.

Um terremoto ligeiro toma sua pele, trepidando seu rosto. Sua fonte de metal precioso não seca – mas agora não é mais a mesma de sua apoteose pessoal. Eis a estampa do fracasso.

Fracasso?

4 comentários:

Mano Ferreira disse...

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Abraços,

Teofaga disse...

Fracasso?
Viva, mas morra.

Masmorra?

Anônimo disse...

pensei que so fosse eu (e talvez mano) que tivesse loucura suficiente pra fazer esse tipo de comentario :p

Rebeca Barbosa disse...

...masmorra convida,
Com viDa?