A América Latina não possui tradição democrática nem sistema político consolidado. Talvez seja este o principal motivo para o entendimento turvo que possuímos sobre democracia. Muito afeitos a simplismos, tendemos a considerar qualquer esforço de votação uma atitude democrática. Pura incompreensão dos grandes avanços que a implantação moderna desta visão política trouxe à civilização.
É sempre ilustrativo lembrar que os principais governos do tenebroso período nazi-fascista possuíram amplo apoio popular. E é obviamente estúpido insinuar que aquele foi um momento democrático. Não, foi um momento assassino. Com respaldo do povo, mas não menos assassino.
O substancial no espírito democrático, de longe, não é a submissão geral às vontades populares. O grande ganho cultural está no respeito aos direitos fundamentais de cada homem. É o respeito às minorias o que caracteriza o ambiente democrático.
Neste sentido, é claro que democracismos (como um plebiscito) não fazem democracia. Em geral, estes artifícios não passam de tentativas de suprimir direitos individuais. Direitos que devemos sempre defender, vigilantes. Para o bem da liberdade e o bom caminhar de qualquer sociedade.
Um comentário:
"Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos..."
(Podres Poderes - Caetano Veloso - Anos 70)
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