Os candidatos à presidência têm feito um verdadeiro papelão nessa campanha. Dilma, a invenção lulista, é apresentada por seu criador como a nova mãe dos brasileiros. Trata-se do mais ridículo culto ao paternalismo, esse detestável traço da cultura brasileira. Mas não é dela que vou falar nesse texto.
Serra, que é Serra desde a escolinha primária, tenta agora ser chamado de Zé. Pior? Zé do Povo. Essa tentativa desesperada (de um desespero que não tinha razão de ser) de engrenar um discurso populista, veja bem, ainda não é o pior ponto de sua campanha. Bisonho não é palavra suficiente para descrever um oposicionista que tem medo de fazer oposição.
Serra, ao se apresentar como continuador a essa altura da campanha, cava sua própria cova. Notem que falo "a essa altura da campanha". Por que? É que, se a oposição tivesse trabalhado como oposição ao longo desses oito anos de governo Lula, deveria ter apontado que os principais méritos deste governo estão na continuidade de certas políticas - a econômica, mais evidentemente; e até da social, que foi enormemente aprofundada neste governo, mas não foi criada agora. É sempre importante lembrar que a política das bolsas sociais está com 16 anos: a grande diferença entre as políticas sociais dos governos FHC e Lula está na atual amplitude dessas bolsas, não na sua existência.
A campanha de Serra é tão pouco empolgante que eu, um oposicionista tão convicto que só vejo um candidato real nessas eleições (o próprio Serra, que fique claro), às vezes tenho vontade de não votar nele.
O caminho é longo. Por mais que Lula (ilegalmente, vale o destaque) tenha antecipado em anos a abertura do processo eleitoral, ele ainda não chegou ao ponto natural de seu desfecho. Não fosse o desespero injustificável, qualquer reviravolta seria totalmente natural. No momento não é essa a tendência que se aponta. Mas a possibilidade existe. Ainda é possível fazê-la palpitar.
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