12 abril 2008

Babaridade 2

Pergunta 3 - Há cenas em que os problemas técnicos foram evidentes, especialmente pela ausência de luz adequada e irregularidade do áudio – facilmente explicados pelas condições em que o filme foi feito. Em outros momentos, como na cena dos bichos de pelúcia, é notável uma certa proposta estética. Comentem o processo de produção do vídeo.
Vinícius Gouveia -
Como já disse, joe estava lá PARA o clipe. foi um dos momentos que eu me senti muito a vontade para filmá-lo. tínhamos uma idéia inicial do que queríamos e criamos, como em todo o processo de filmagens de "bárbara, a bárbara" , algumas coisas. infelizmente, o datashow da sala do C.E. não passava a cor vermelha [daí a resposta do vestido de bárbara estar preto e das legendas do programa estarem pretas também]. Isso minimizou a beleza da cena, que foi, sem dúvida uma das mais bonitas. a iluminação estava ótima. A explicação foi só uma: sorte. O laguinho estava com a grama bem verde, estava fazendo um sol bonito [sem muitas nuvens], o laranja da namorada e o branco de joe ficaram legais ali no meio... então, a 'notável proposta estética' esteve em todo 'bárbara, a bárbara'. Porém, os fatores naturais desse dia maximizaram a beleza da cena.
Txai Ferraz - Concordo que o filme apresenta problemas no design sonoro e visual em muitas cenas, mas naquela época além da gente não ter algumas noções básicas, não fazia parte da proposta pensar na técnica. Era simplesmente se divertir gravando... As cenas que eu filmei são facilmente identificadas, porque eu tremo muito rindo. Então mesmo sendo justificável, não consigo ver isso como uma ausência, noções técnicas simplesmente não existiram em algumas cenas. Quando a gente queria usar de uma linguagem que exigia mais da estética da imagem como a videoclíptica, intuitivamente esses conceitos passaram a existir, embora temporariamente.
Vinícius Gouveia - Concordo, afinal, mesmo não sabendo como fazer, sabíamos o que queríamos fazer. é aquele tipo de coisa que a gente sabe como quer ficar, mas não sabemos como fazer.
Txai Ferraz - Penso em Bárbara como um filme só por vício de linguagem, mas pra mim um filme inclui coisas que a gente até que meio por opção descartou ou abdicou pra poder funcionar. Na primeira vez que a gente tentou fazer o filme era com uma filmadora digital e existia uma pessoa responsável só pela maquiagem, mas acabava o dia e a gente só tinha feito três cenas. Pra mim Bárbara é mais uma compilação cultural em vídeo de tudo ao que estivemos submetidos nesses últimos dois anos e quatro meses do que um filme propriamente dito.

Pergunta 4 -Rodrigo Amarante disse certa vez que “brincar é a coisa mais séria que existe”. O que vocês acham da frase? Podemos dizer que o filme dialoga com essa idéia?
Txai Ferraz - Claro, a partir do momento que decidimos fazer um filme só pra se divertir fazendo-o e admitimos a importância desses momentos na nossa vida, claro que sim. Mas pensando agora, acho que o filme dialoga sim, a gente acabou, sem perceber, falando sobre um monte de coisas sérias da linguagem audiovisual de um modo geral que merecem mais atenção das pessoas. Como o lance das fórmulas, por exemplo, o filme é bem previsível.
Vinícius Gouveia - Tanto eu quanto Txai queremos continuar trabalhando com cinema. Bárbara foi o nosso primeiro grande projeto, embora tenhamos outros que foram lançados primeiro [como "tripé" e outros curtas], começamos com bárbara. foi um IMENSO prazer fazer algo, que eu quero continuar trabalhando, sem nenhum empecilho que comprometesse a minha liberdade criativa [esquecendo, lógico, de bons aparatos técnicos]. Eu me sentia um cozinheiro misturando ingredientes como eu bem entendesse, apenas pelo puro prazer de FAZER, sem me preocupar se o resultado final seria bom ou ruim. eu estava mais preocupado em me sentir bem e me divertir, do que criar um filme "inteligente" e não usar todo o meu repertório clichê e morrer de rir nas gravações. se, futuramente, eu me sentir tão bem durante alguma filmagem, quanto bárbara, saberei que escolhi o caminho certo.

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