17 novembro 2009

Na qualidade, o futuro do jornalismo

Negras nuvens cercam o céu do jornalismo. Todos que lidam com a área, sejam os próprios jornalistas ou demais estudiosos do assunto, estão cansados de saber o atual panorama de crise dos veículos da mídia impressa, um cenário de fechamento de jornais tradicionais e demissão de profissionais. O advento de novas tecnologias, estampadas, sobretudo, pela internet, chamou atenção à necessidade de reflexão sobre o jornalismo e a identidade de suas expressões em cada um dos meios. É fato que cada suporte possui características diferentes, que exigem um trabalho jornalístico adequado a estas minúcias.

Em sua expressão mais tradicional, a impressa, antigas demandas do jornalismo se apresentam renovadas. Num tempo em que a velocidade das informações é vista como o maior dos trunfos, o papel se mostra obsoleto e impotente no trato com as formas digitais, como rádio, televisão e internet. Sendo assim é questão de sobrevivência modificar a lógica da notícia em folhas. É neste contexto que surge com força o pleito pela intensificação da análise, do aprofundamento – uma vocação natural da forma escrita.

Estudos demonstram que o público em geral não consegue atingir grandes níveis de concentração quando assistem TV, escutam rádio ou navegam pela grande rede. Na TV e no rádio as falas não voltam, argumentos se perdem e uma análise mais elaborada exigiria um público mais atento. Na Web, o hábito dos leitores ainda é de dispersão maravilhada frente às grandes possibilidades de escolha. Isso não significa que não exista, por parte da sociedade, uma demanda por uma abordagem crítica das notícias e contextualizações mais rebuscadas. Pelo contrário: em um mundo cada vez mais complexo, é cada vez mais imperativo tentar explicá-lo.

Com cada setor da mídia possuindo uma função bem estabelecida, o desejo de uma cobertura global, completa, provoca naturalmente a intensificação da convergência de mídias, um dos pilares do novo jornalismo que se desenha no horizonte.

Neste conjunto, a identidade do jornalismo impresso parece seguir com força um caminho: a qualidade da informação. Para ser capaz de concorrer com veículos mais rápidos e de acessibilidade mais barata, é preciso investir fortemente em qualidade. Apuração rica, investigação criteriosa, reflexão detalhada. Matérias especiais, frutos de longos trabalhos. Um conteúdo denso, consistente. A fuga do lugar comum das reproduções de materiais de agencias de notícias. O fim da matéria pasteurizada. Este é o maior desafio dos jornais e, certamente, exigirá muito dos jornalistas, praticamente os obrigando a ter uma formação continuada e uma inquietação intelectual eterna.

Mesmo vencendo o maior desafio, que é o da qualidade, o futuro do jornalismo não estaria assegurado. É comum ouvir que vivemos na era da imagem. Assim sendo, seria irresponsável negligenciar o tratamento estético dos veículos. Um trabalho gráfico competente auxilia o jornalismo em sua missão informativa e, se por si só, não garante que aja qualidade, ajuda, ao menos, a garantir a atração de público. E só existe jornalismo se existir quem leia.

Ainda neste sentido, o tratamento do texto é outro fator a suscitar atenção. É preciso investir numa redação mais atrativa, capaz de ajudar a cativar o leitor.

Expostas as idéias referentes a método e forma na rotina jornalística, resta ainda a questão substancial: sobre o que falar. Nunca é demais lembrar a necessidade de responder ao interesse público. Mas não se pode abraçar o mundo. É preciso, então, conhecer o nicho de público correspondente a cada veículo. Somente assim é possível compreender realmente as aspirações e necessidades de informação que o jornalista deve solver.

A qualidade no método, na forma e na substância, em direção ao interesse público. Este é o sol a dirimir as nuvens negras.

Um comentário:

Mariana Gominho disse...

mt bom Mano :D concordo, as mídias precisam convergir e o jornalismo, se renovar! que a nossa geração, senão vitoriosa por completo, conquiste o espaço no coração dos leitores!